quinta-feira, 20 de maio de 2010

Filtros de luz - Cobogós, elementos vazados e muxarabis

Em um país como o Brasil e em uma cidade como Ribeirão Preto, a utilização de grandes panos de vidro combinada com o excesso de sol pode acarretar alguns problemas, como o super-aquecimento dos ambientes internos, além do desbotamento de tecidos e estragos em móveis e equipamentos.
Para quem procura um meio-termo entre a parede totalmente fechada e os grandes janelões de vidro, existem alguns bons recursos que fazem a diferença na arquitetura, ao barrar parte da luminosidade e ainda criar texturas diferentes na fachada da edificação.
O cobogó é o nome dado ao elemento vazado feito em cimento, criado inicialmente em Recife, pelos engenheiros Coimbra, Boeckmann e is.
Os elementos vazados que conhecemos atualmente, mais populares, podem ser fabricados a partir de diversos materiais, como vidro, cerâmica ou ainda o cimento, com tamanhos e desenhos diferentes.


Eles são utilizados para garantir a passagem de luz, evitar ventos excessivos, conferir privacidade a ambientes muito abertos ou apenas como substitutos mais etéreos para uma parede comum.
Podem ser utilizados no lugar de paredes externas, criando uma materialidade diferente para a edificação, próxima de uma rendilhado, através de texturas variadas, que mudam ao longo do dia, conforme a incidência do sol.
Os elementos vazados conheceram seu auge durante as décadas de 40 e 50, quando foram amplamente utilizados pelos arquitetos modernistas, como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy (o conjunto Pedregulho, no Rio de Janeiro é uma verdadeira aula sobre o assunto), entre outros. Atualmente vem ganhando importância em obras de arquitetos contemporâneos.


Parque Guinle (1948-1954) no Rio de Janeiro, projeto de Lucio Costa

Casa Pinheiros (2003) em São Paulo, projeto de Isay Weinfeld

Casa Sumaré (2007) em São Paulo, projeto de Isay Weinfeld

VGP Artigos de papelaria (2006-2007) em São Paulo, projeto de NPC Arquitetura

Escola pública do FDE (2008) em Várzea paulista, projeto de Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos

Cobogó Haaz (2007) de Marcio Kogan. Vencedor do prêmio IAB/SP 2008 na categoria design de objeto

Desenvolvido para a empresa Haaz, da Turquia, o cobogó é feito de mármore

O conceito do elemento vazado ou cobogó se relaciona com a idéia dos antigos muxarabis, um recurso da arquitetura árabe que emprega treliças de madeira que permitem a ventilação e iluminação, mas mantém a privacidade dos espaços interiores, permitindo a visão do exterior por quem está dentro, mas não o contrário.
Por aqui, o muxarabi foi muito utilizado na arquitetura colonial, sendo retomado por arquitetos como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi, e mais recentemente por Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci (Brasil Arquitetura) e Marcio Kogan, entre outros.


SESC Pompéia (1982-1986) em São Paulo, projeto de Lina Bo Bardi

Casa Morumbi (1999-2001) em São Paulo, projeto do escritório Brasil Arquitetura

Casa Laranjeiras em Parati, projeto de Marcio Kogan

Casa Iporanga (2006), no Guarujá, projeto de Isay Weinfeld


Algumas empresas que trabalham com o material: Neo-Rex, Facital, Cerâmica Martins.

No próximo post continuarei neste assunto, mas mostrando um pouco sobre brises.


2 comentários:

  1. Olha só ! existe mais um fornecedor de Coboós! são sensacionais ! www.elementov.blogspot.com
    Saiu uma matéria na Arquitetura e Construção de janeiro !!

    ResponderExcluir